quarta-feira, 21 de abril de 2021

Antes de se falar em sincretismo religioso e relação entre as religiões no Brasil


Há que se considerar, antes de mais nada, a questão da interferência do poder das castas e das ordens hereditárias na manipulação da fé no Estado Brasileiro. Diferente das rupturas estruturais ocorridas na Europa, a fé no Brasil constitui-se de imposição da vontade de senhores de engenho e autoridade católica que administraram o País ao lado de seus governantes até 1965. Momento em que devolveu-se o concílio da fé ao cajado do Papa. Desta forma tem-se que a fé no Brasil nada mais é que um produto oriundo da imposição do Mito que se destinou à subsumir o Povo brasileiro em rebanho e alienação escrava, seguido de mão de obra proletária, refém de um extrativismo mundial e pouca auto estima patriótica. Da mesma forma passados os tempos coloniais, nestes tempos modernos vemos a mesma situação, ordenada por entes neopentecostais que aos poucos, vão se tornando a ordem religiosa dominante neste País, reativando a alienação econômica e proletária à crença de um novo Mito, desta feita, voltado à unificação em uma crença cristã. Após um conflito inicial com a mãe de todas as mutretas, a Igreja Católica, esta assentiu em se compor com a fé alienígena que aportou nestas terras, dispondo-se à simples briga de mercado para não ruir com o TODO do negócio.  Desta forma, o País segue em desordem espiritual e de crenças, sendo que apenas se assistem lutas pelo espaço rentável da fé no terreiro brasileiro e açucarado por fiés montados na histeria e alienação brutal, impotentes quando estão frente às mazelas bizarras de um Estado corrupto, mafioso e nem um pouco voltado à fé de seu Povo. Deus, aqui, joga do lado da bandidagem e como diria o filósofo contemporâneo Arnaldo Antunes: "Jesus não tem dentes no País dos Banguelas". A turba ruminante e improdutiva segue tresloucada atrás do mito da casa própria, do dinheiro fácil e do oportunismo barato, desvendando-se fiel à deuses que não lhe respondem nada e de nada lhes servem, a não ser extirpar o dízimo sagrado de seu parcos e miseráveis salários. Por sua vez, à luz dos líderes que se beneficiam desse estado de coisas, resta pregar a continuidade dessa fé rentável e lucrativa, sendo que a única indisposição que pode levar essa turba mafiosa à um desentendimento é tão somente eventual briga pela divisão dos lucros e da política e jamais uma imposição de fé ou doutrina de boa fé.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

COTAS RACIAIS - UM MODELO PALIATIVO PARA UMA MUTRETA CHAMADA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


Da leitura do texto não posso deixar de conceber uma ideia pragmática. A constituição brasileira referenda e assegura a garantia Universal, prevista na declaração Universal dos direitos do Homem, de que qualquer cidadão tem direito à educação. Isso é um fato. E esse fato é previsto em Lei, em cláusula pétrea, ou seja, "imexível" e obrigatória ao Estado para com o cidadão. Esse mesmo ordenamento pétreo, não prevê critérios de raça, cor, condição social, política ou religiosa, vale dizer, o sujeito nasceu Brasileiro, o Estado tem que garantir sua Educação, custe o que custar, seja ele preto, branco, cristão, umbandista, homem, mulher, homossexual ou transgênico. Por sua vez, o eterno e secular predomínio administrativo de cunho extrativista colonial e das políticas submundâneas, implantadas aqui desde os tempos de Cabral, que são referendadas por uma população submissa e desvalida, desembocaram neste nosso habitat constituído em um estado operacionalmente falido, que sequer consegue gerir sua própria condição elementar básica (esgoto, saúde, educação, moradia, segurança, etc.). Uma vez falido em sua existência Estatal, seja no modelo político imperial, republicano ou qualquer outro que apareça, o Estado brasileiro precisa manter um pretexto, uma esparrela existencial, no sentido de alienar a crença que sua existência como Estado tem sentido, protege as pessoas e tem que continuar existindo a fim de justificar a sua própria torpeza e incompetência. O Estado é inerte e infuncional e esse estado de coisas é imutável, pela força da culpa que também se observa face a um POVO que nunca foi e nem nunca será dado a rupturas concretas, que busquem real melhora de sua condição (como a revolução francesa, guerra de secessão, etc...). Isso se dá pela total falta de líderes tupiniquins que tenham alguma noção do significado do termo IDEALISMO. A ideologia é o termo que sempre permeou a intelectualidade brasileira em qualquer grau ou degrau, das elites à cátedra, do proletariado às elites empresariais. E como não poderia deixar de ser, isso só gera em nosso país, nossas apopléticas e histéricas revoluções por minuto, que somente se destinam a fazer prevalecer interesses escusos e comezinhos de algum grupo oportunista de plantão. É desse estado de coisas que surge o endeusamento das causas nobres como supedâneo do motivo de nossa própria miséria material e administrativa, transformando o problema real, que é a falta de moral, probidade e descência do ente público brasileiro, seja ele preto, branco, japonês, judeu, ou qualquer outro, como uma questão secundária a ser enfrentada pelas políticas públicas, pela Lei e pela sociedade (seja através do Voto ou quebra quebra). Em resumo, temos um turba avassaladora se digladiando à luz da imposição de ideologias de conceitos étnicos e inclusivos que nem de longe se direcionam ao questionamento da real existência do problema, que é a gigantesca e avassaladora roubalheira e má administração do Estado Brasileiro. Transpor o debate da questão racial  a um patamar de ordem tão somente administrativo-educacional é ser paliativo no enfrentamento real da questão, que no caso da educação brasileira é a total falta de administração produtiva. Vale dizer que no formato do nosso Estado de Direito e de nossa Constituição não há que existir a pergunta se é preciso ou não de Cotas, porque nosso ordenamento jurídico GARANTE UMA VAGA PARA CADA CIDADÃO NA ESCOLA, seja ele preto, branco, pobre ou rico. O cerne dessa questão é que o dinheiro público que EXISTE e SOBRA para isso ser feito, mas que é desviado pelos propinodutos, mensalões, mensalinhos, máfias de merenda, ao longo de toda nossa história. Enquanto isso o Povo e suas lideranças comunitárias, políticas e ideológicas, se debatem sobre teses que não passam nem perto de promover uma real mudança de ordem prática na administração e evolução da Educação no Brasil. Quanto ao texto, de forma objetiva, assim como discorri acima, não posso ver relação do que foi abordado, como algo de prático a solucionar a questão da vaga do negro na faculdade, do pobre ou de qualquer subproduto racial que esteja fora da escola. Prova do que digo é a própria falência do modelo proposto. O texto me identificou três pontos claros:  1) A ideia do autor é de que as cotas para negros deveriam ir somente para negros, sejam da classe media ou classe alta ao invés de ser transformadas em cotas sociais para os pobres de outras etnias ou condição social; 2) as minorias diversas pegaram um gancho na luta racial dos negros e por isso o texto as qualifica como subproduto racial que através desse gancho foram beneficiadas com a luta da causa indígena e negra, dando uma sugestão de que esse fato  foi um "oportunismo" dessas minorias. Por fim, que: 3) As cotas raciais não preenchidas deveriam continuar reservadas para negros, sem repasse a outras minorias. O Texto é pesado e denso, mas me levou a essa reflexão.