Fui a uma palestra
proferida pelo Arquiteto Nicolau Sarquis para perceber a questão histórica que esclarece sobre o formato Urbano da cidade de São Paulo. Um salto no tempo resume as primeiras
definições urbanísticas dadas por Prestes Maia e Anhaia Melo, que mostram o
modelo de metrópole que criamos. Prestes Maia definiu que o Estado proporciona
a “Rua” e que o cidadão fica com a liberdade para construir o que quiser ao
largo dela. Anhaia Melo adotou a definição de que o Estado constrói a “Rua” e
esse mesmo Estado define o que poderá ser feito pelo cidadão ao longa dela. É
simplista, mas é uma definição importante que ditou as linhas liberais e
conservadoras na evolução dos Planos Diretores de nossa cidade. Cada um deles
deu seguimento a linhas e legislações que se alteraram ao longo do tempo mas
que tiveram como perfil comum desconsiderar a maior regra do Planejamento
Urbanístico e do Plano Diretor de uma cidade: que é a longevidade. Assim foi
que São Paulo adquiriu suas várias facetas urbanísticas que, ao longo do tempo,
cimentaram sua forma peculiar no Mundo. São modelos que foram adotados de
várias tendências e conceitos para ocupação do uso do solo que resultaram em
regiões conflitantes em seu padrão de construção na cidade através das décadas.
Isso por um lado torna São Paulo peculiar em sua desorganização de padrões
urbanísticos e por isso mesmo pitoresca. Mas o mais interessante é a questão do
Adensamento (termo técnico) que significa a concentração de forma técnica,
planejada e organizada, que permite todos morarem na região central das cidades
evitando a criação de “periferias”. Foi impressionante saber que isso não é uma
questão social de início. Se torna uma questão social depois e, claro, pelo
puro descaso político e administrativo que acontece ao longo dos anos. Quando
você analisa tecnicamente essa questão descobre que empurramos a cidade cada
vez mais para cima de nossos mananciais e de nossas matas por um grave problema
de política pública e não de renda. As regiões mais nobres da cidade não
permitem compartilhamento do uso do solo para habitações mais populares, por
sua vez o Poder executivo não se dispõe a uma política de habilitação de longo
prazo porque a questão eleitoral não lhe permite enxergar o bem comum muito
adiante, mas sim o interesse político de curto prazo, fruto da ganância
eleitoral. Assim, em consequência disso, essa mesma população menos favorecida
se aglomera nas regiões centrais em vários formatos, sem planejamento e
estrutura urbanística, o que acaba resultando em comunidades com toda sorte de
problemas e questões de cunho social, se tornando um problema de difícil
solução pois a competência habitacional migra para a competência social. Espero que vocês gostem e que se interessem em estudar tecnicamente a questão
urbana da cidade porque é preciso novos pontos de vista das autoridades sobre
o assunto para um projeto de longa data. E isso depende principalmente de cada um de nós,
moradores da cidade.
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