sexta-feira, 20 de julho de 2018

ENTENDENDO O PLANEJAMENTO URBANO DE SÃO PAULO

Fui a uma palestra proferida pelo Arquiteto Nicolau Sarquis para perceber a questão histórica que esclarece sobre o formato Urbano da cidade de São Paulo. Um salto no tempo resume as primeiras definições urbanísticas dadas por Prestes Maia e Anhaia Melo, que mostram o modelo de metrópole que criamos. Prestes Maia definiu que o Estado proporciona a “Rua” e que o cidadão fica com a liberdade para construir o que quiser ao largo dela. Anhaia Melo adotou a definição de que o Estado constrói a “Rua” e esse mesmo Estado define o que poderá ser feito pelo cidadão ao longa dela. É simplista, mas é uma definição importante que ditou as linhas liberais e conservadoras na evolução dos Planos Diretores de nossa cidade. Cada um deles deu seguimento a linhas e legislações que se alteraram ao longo do tempo mas que tiveram como perfil comum desconsiderar a maior regra do Planejamento Urbanístico e do Plano Diretor de uma cidade: que é a longevidade. Assim foi que São Paulo adquiriu suas várias facetas urbanísticas que, ao longo do tempo, cimentaram sua forma peculiar no Mundo. São modelos que foram adotados de várias tendências e conceitos para ocupação do uso do solo que resultaram em regiões conflitantes em seu padrão de construção na cidade através das décadas. Isso por um lado torna São Paulo peculiar em sua desorganização de padrões urbanísticos e por isso mesmo pitoresca. Mas o mais interessante é a questão do Adensamento (termo técnico) que significa a concentração de forma técnica, planejada e organizada, que permite todos morarem na região central das cidades evitando a criação de “periferias”. Foi impressionante saber que isso não é uma questão social de início. Se torna uma questão social depois e, claro, pelo puro descaso político e administrativo que acontece ao longo dos anos. Quando você analisa tecnicamente essa questão descobre que empurramos a cidade cada vez mais para cima de nossos mananciais e de nossas matas por um grave problema de política pública e não de renda. As regiões mais nobres da cidade não permitem compartilhamento do uso do solo para habitações mais populares, por sua vez o Poder executivo não se dispõe a uma política de habilitação de longo prazo porque a questão eleitoral não lhe permite enxergar o bem comum muito adiante, mas sim o interesse político de curto prazo, fruto da ganância eleitoral. Assim, em consequência disso, essa mesma população menos favorecida se aglomera nas regiões centrais em vários formatos, sem planejamento e estrutura urbanística, o que acaba resultando em comunidades com toda sorte de problemas e questões de cunho social, se tornando um problema de difícil solução pois a competência habitacional migra para a competência social. Espero que vocês gostem e que se interessem em estudar tecnicamente a questão urbana da cidade porque é preciso novos pontos de vista das autoridades sobre o assunto para um projeto de longa data. E isso depende principalmente de cada um de nós, moradores da cidade.

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